12º Sabor da Colheita celebra o Dia Nacional do Café

Aberto à população e com representantes de toda a cadeia produtiva, evento realizado no Instituto Biológico, na capital, marca o início da safra 2017

O Instituto Biológico (IB), vinculado à Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (SAA), recebeu a população na manhã de ontem, em sua sede, na Vila Mariana, zona sul da capital, para o 12º Sabor da Colheita.

O evento simbólico comemorou o Dia Nacional do Café (24 de maio) e marcou o início da colheita do grão no Estado de São Paulo, uma das principais riquezas agrícolas paulistas. Além do público, compareceram representantes de órgãos estaduais, municipais e de empresas da cadeia produtiva e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

A maioria dos presentes, moradores da metrópole, teve a oportunidade de degustar broa de milho e canjica e vivenciar um pouco do dia a dia das fazendas do interior. As pessoas puderam conhecer e colher grãos maduros no cafezal do IB, um dos maiores cultivados em área urbana do País.

A safra orgânica do IB tem origem nos 2 mil pés de café arábica das variedades Mundo Novo e Catuaí, também presentes em 90% do parque cafeeiro brasileiro e desenvolvidas pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC-Apta), órgão também vinculado à SAA.

Colaboração

De acordo com a pesquisadora do IB, Harumi Hojo, essa plantação teve início na década de 1950 e destinava-se a oferecer material para o estudo do controle de pragas. “Hoje, tem função educacional, histórica e cultural e serve como exemplo de demonstração de princípios das boas práticas agrícolas”, explica.

“Em média, cada safra rende uma tonelada, parte desse total é encaminhado ao Fundo Social de Solidariedade do Estado (Fussesp), para ser doado a entidades assistenciais. No ano passado, repassamos 82 quilos de café arábica”, lembra.

No evento, o agrônomo Celso Vegro, pesquisador do Instituto de Economia Agrícola (IEA), também da SAA, foi homenageado com uma placa, em reconhecimento ao sucesso obtido com o plantio de 500 mudas em um terreno montanhoso do cafezal do IB, cujos primeiros grãos foram colhidos ontem. “Comprovamos, na prática, essa possibilidade”, disse Vegro.

Segundo ele, hoje, 35% do consumo nacional de café ocorre no Estado e 85% das exportações nacionais são escoadas pelo Porto de Santos. São Paulo tem 200 mil hectares cultivados para produção comercial em 16 mil propriedades – 80% delas têm perfil familiar. O Estado é o segundo maior produtor nacional, com 4,5 a 6 milhões de sacas anuais.

Resgate

No cafezal do IB, um dos grupos mais entusiasmados era formado por 24 aposentadas do Centro de Convivência da Melhor Idade (CCMI), de Diadema. Quase todas ex-agricultoras e moradoras do Jardim Eldorado, elas participam pela quarta vez do Sabor da Colheita.

Uma das líderes do grupo, a mineira da cidade de São Geraldo, Cecília de Pauli, 77 anos, conta que a maioria delas trabalhou no campo antes de emigrar para São Paulo. “Até os 17 anos, fui boia-fria em lavouras de arroz e café. Era um tempo gostoso, de fartura. Dá muita saudade, todo ano espero esse evento”, revela Cecília.

Crescimento

A poucos metros dali, o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz, plantava mais um pé no histórico cafezal do IB. Entusiasmado com a repercussão do evento, destacava dados recentes, como o fato de o Brasil ser o maior produtor mundial e exportador de grãos e de café solúvel. No período 2017/2018, estima-se safra de 47 milhões de sacas, seguido pelo Vietnã, com 27 milhões de sacas.

“Com investimento contínuo em tecnologia, derrubamos nas duas últimas décadas o mito do grão colombiano ter qualidade superior ao nosso. No ano passado, as exportações nacionais somaram US$ 5,8 bilhões”, revela o dirigente.

Segundo ele, no mercado interno o café está presente na despensa de 98% dos lares brasileiros e seu consumo supera o de bebidas com maior apelo comercial e publicitário, como cerveja, cachaça e refrigerante. Em média, cada brasileiro bebe 84 litros de café por ano e o consumo segue em crescimento.

“Aliar volume de produção com qualidade e sustentabilidade é o diferencial do café brasileiro”, ressalta. “Outros passos importantes são o monitoramento e os processos de certificação realizados pela Abic com mais de 180 marcas de café gourmet”, conclui.

90 anos

Segundo o diretor-geral do IB, Antônio Batista Filho, esta edição do Sabor da Colheita integra as festividades dos 90 anos de criação do instituto – o aniversário será celebrado no dia 7 de novembro.

Entre outras atividades, ele destaca os serviços do IB como referência nacional em pesquisa e prestação de serviços em sanidade animal e vegetal, com acreditação pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) na norma ISO 17025, relacionada à qualidade. Seus laboratórios processam mais de 200 mil pedidos de diagnósticos anuais de pragas e doenças vindos de todo o País.

“A próxima celebração será domingo, 28, com a instalação do chamado corredor verde para polinizadores, isto é, o plantio de 18 árvores e arbustos com orientação de especialistas e participação da comunidade”, informa. Agendada para as 9 horas, essa atividade ocupará aproximadamente 530 metros lineares, nos arredores do IB. Sua meta é criar um espaço seguro e adequado para agentes polinizadores, como, por exemplo, as abelhas melíferas, essenciais à produção de alimentos.

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 25/05/2017. (PDF)

Dia da Criança Desaparecida tem lançamento de protocolo de ações

Documento idealizado pela Comissão Multidisciplinar de Acompanhamento Permanente destina-se a agentes públicos e cidadãos; atividades do grupo serão centralizadas na Secretaria da Segurança Pública

Para marcar o Dia Estadual da Criança Desaparecida, 25 de maio, o programa São Paulo em Busca das Crianças e dos Adolescentes Desaparecidos lança protocolo de ações para agentes públicos e cidadãos com orientações sobre como proceder quando uma pessoa desaparece ou é localizada, independentemente da idade.

Disponível on-line e apresentado na forma de check-list, ou lista de tarefas, o documento é um dos resultados do trabalho realizado pela Comissão Multidisciplinar de Acompanhamento Permanente do Programa, iniciativa pioneira no País instituída pelo Executivo paulista a partir do Decreto estadual nº 58.074/2012.

Levantamento do Ministério da Justiça revela que, em 2015, a cada 15 minutos uma criança desapareceu no Brasil e cerca de 250 mil continuam desaparecidas, sendo maus-tratos a causa principal da maioria das fugas.

De acordo com o presidente da comissão paulista, Marco Antônio Castello Branco, prevenir o problema é a medida mais importante para evitá-lo; e, hoje, aliados tecnológicos ajudam nessa luta, como os sistemas de informação e de identificação empregados pela 4ª Delegacia de Investigações sobre Pessoas Desaparecidas do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), da capital, um dos integrantes da comissão.

O público-alvo primordial do protocolo são os servidores públicos. A lista inclui policiais, bombeiros, agentes do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), motoristas da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU/SP), atendentes de hospitais e postos de saúde, delegacias, Instituto Médico-Legal (IML), entre outros.

“A proposta é oferecer um roteiro sem deixar dúvida sobre o que fazer, por exemplo, quando alguém desaparece ou reaparece, ou, ainda, como proceder se um bebê for encontrado vivo ou resgatado morto em uma praça ou estação de transporte público”, observa o coordenador.

Registro

Em caso de desaparecimento, a recomendação é registrar boletim de ocorrência (B.O.) o mais rapidamente possível. Esse procedimento pode ser realizado presencialmente nas delegacias ou on-line, na Delegacia Eletrônica. A pessoa que faz o B.O. deve apresentar o máximo possível de dados do desaparecido, como, por exemplo, se usa óculos ou aparelhos nos dentes, se tem tatuagens ou usa piercing, se sofre de deficiência mental, além de uma foto recente.

“Informação precisa e atualizada facilita e acelera o trabalho. Quando alguém é localizado, também é preciso informar a polícia”, ressalta o presidente da comissão. No intuito de integrar ainda mais a comunicação, ele anuncia o próximo passo da comissão: a centralização de suas atividades na Secretaria da Segurança Pública (SSP), medida prevista pela Lei estadual nº 15.292/2014.

A Comissão Multidisciplinar de Acompanhamento Permanente é formada por representantes das secretarias estaduais da Segurança Pública, Justiça e Defesa da Cidadania, Direitos da Pessoa com Deficiência, Educação, Desenvolvimento Social, Saúde e Transportes Metropolitanos, além da colaboração de parceiros como a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social da prefeitura de São Paulo, a ONG Mães em Luta! e o projeto Caminho de Volta, realizado pelo Departamento de Medicina-Legal, Ética Médica e Medicina Social e do Trabalho da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

Repercussão

Em 1992, Fabiana, filha de 13 anos da microempresária Vera Lúcia Ranu, foi para a escola e nunca mais voltou. A tragédia familiar vivenciada pela hoje moradora do Jaraguá, zona noroeste da capital, foi tema de depoimento na novela Explode Coração (1995/1996), exibida pela TV Globo. A dor vivida deu forças a Vera Lúcia para criar, em 2005, a ONG Mães em Luta!. A instituição congrega familiares em busca de parentes desaparecidos e luta para prevenir o problema.

Em 2012, o rosto de Fabiana foi o primeiro a ser manipulado em 3D pela equipe do Laboratório de Arte Forense do DHPP, tendo sido ‘envelhecido’ 30 anos no computador. A imagem impressa circulou em cartazes distribuídos em locais públicos, foi veiculada na TV Minuto do Metrô e também impressa em cupom de recibo de pedágio – porém, sem sucesso. Entretanto, a repercussão obtida com seu trabalho garantiu a Vera Lúcia convite para integrar e participar das reuniões mensais da comissão, cujo aniversário também é celebrado hoje.

DNA

Desenvolvido em 2004 por um grupo de professores e técnicos da FMUSP, o Caminho de Volta surgiu com a proposta de permitir a comparação gratuita dos perfis genéticos das famílias dos desaparecidos com os encontrados.

Coordenado pela geneticista e livre-docente Gilka Gattás, o projeto é realizado em convênio com a 4ª Delegacia do DHPP e desenvolve pesquisas para conhecer melhor o problema dos desaparecimentos, além de dispor de equipe de psicólogos para dar apoio aos familiares no processo de busca e aos desaparecidos, quando encontrados. Tem armazenadas, atualmente, amostras de 1,2 mil famílias.

Final feliz

No dia 18 de março, Gabriela, de 12 anos, regressou da escola na perua escolar para a casa da avó, porém, em vez de entrar, como fazia habitualmente, pegou um ônibus para ir à casa de um amigo, em um bairro vizinho. Três horas depois, temendo punição pela travessura e mantendo sempre o celular desligado, embarcou em outro coletivo. O destino agora era a casa de uma amiga, em outro local. Por volta das 22 horas, quase cinco horas após seu sumiço, além da mãe da garota, Denise Araújo, pai, padrasto, tias e avós estavam desesperados à sua procura.

Denise demorou 24 horas para fazer o B.O. Na delegacia, foi orientada a buscar informações em hospitais próximos e no IML. Felizmente, diz, não a encontrou ferida. “Depois de dois dias e muita angústia, ela reapareceu. Apresentou como justificativa para o sumiço estar cansada com as negativas que recebia. No fundo, ela só queria mais atenção”, relata a mãe, que preencheu cadastro da menina nos sistemas de informática da ONG Mães em Luta! e cedeu amostras de sangue e saliva para o banco de DNA do projeto Caminho de Volta.

Rogério Mascia Silveira
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 25/05/2017. (PDF)