Novo campus da USP desfaz mitos e revoluciona região leste da capital

De 1.020 aprovados no 1º vestibular, 47% cursaram ensino médio em escolas públicas; 42% residem na região; 21% se declararam negros e 39% têm renda familiar inferior a R$ 1,5 mil

Com o objetivo de ampliar a oferta de vagas no ensino público superior no Estado e promover o desenvolvimento da zona leste de São Paulo, a Universidade de São Paulo (USP) inaugurou, no início do ano, seu novo campus na capital: a USP Leste. A unidade está instalada em área de 1,25 milhão de metros quadrados, vizinha ao Parque Ecológico do Tietê, no quilômetro 17 da Rodovia Ayrton Senna (SP-070).

A construção do novo campus foi dividida em três fases. A primeira foi iniciada em março de 2004 e concluída em 11 meses; a segunda etapa começou em dezembro de 2004 e terminará em março de 2006; e a última irá de janeiro de 2006 a dezembro de 2007. Ao todo, 1.020 estudantes frequentam as aulas, em dez cursos de graduação nos períodos matutino, vespertino e noturno.

O estatuto da USP não prevê duplicidade na oferta de cursos numa mesma cidade. Por isso, as carreiras oferecidas na zona leste são exclusivas, concebidas para serem inovadoras e atrair o interesse dos moradores da região.

Os cursos em funcionamento são dez: Sistemas de Informação, Ciências da Natureza, Obstetrícia, Gerontologia, Ciências da Atividade Física, Marketing, Lazer e Turismo, Gestão de Políticas Públicas, Tecnologia Têxtil e Gestão Ambiental. Além disso, outros dois foram aprovados e só necessitam do término das obras para começarem suas atividades no ano que vem.

A previsão da USP Leste é acrescentar progressivamente 1.020 vagas a cada 12 meses e iniciar o ano letivo de 2008 com 4,1 mil alunos matriculados em 16 cursos.

Encontrar soluções

O campus dispõe de 64 docentes contratados, todos com doutorado: oito vieram transferidos da própria USP e 58 foram aprovados em concurso. São 68 funcionários, dos quais 51 provenientes da Cidade Universitária.

A proposta acadêmica é formar profissional diferenciado, capaz de encontrar soluções para os problemas da região e, depois, repassar a experiência adquirida para outras partes do Estado. Uma novidade foi a introdução, no currículo básico de todos os cursos de graduação, da disciplina Resolução de Problemas.

A matéria tem duração anual e consiste em reunir os universitários em grupos de 12 para organizar atividade conjunta de iniciação científica, vinculada à futura área de atuação profissional das equipes.

Os temas dos trabalhos são obrigatoriamente ligados ao desenvolvimento da zona leste, área de maior densidade populacional de São Paulo (4,5 milhões de pessoas) e com poucas opções de ensino superior gratuito. O objetivo é encontrar soluções para questões de transporte, moradia, educação e saneamento básico.

Integração bem-sucedida

O professor Antônio Marcos de Aguirra Massola, docente da Escola Politécnica, é o engenheiro responsável pelo projeto de construção. Massola é coordenador do Espaço Físico da USP e conta que as obras estão sendo realizadas em dois terrenos doados pelo governo do Estado. O maior tem área de 1 milhão de metros quadrados, margeia o Rio Tietê e recebeu o nome de Gleba 2. O menor é vizinho ao Parque Ecológico do Tietê, tem 250 mil metros quadrados de área e foi denominado de Gleba 1.

A construção prossegue, nas duas glebas, e o novo campus tem R$ 62 milhões empenhados para as obras. A área construída ocupa 48 mil metros quadrados. A USP conseguiu economizar recursos a partir de diversas experiências realizadas pelos professores antes dos projetos arquitetônicos. Os prédios seguem modelo ergonômico de um edifício criado no campus da USP de São Carlos, já aprovado pela comunidade acadêmica.

O professor Carlos Reynaldo Pimenta, coordenador-geral adjunto do campus Leste, é docente da Escola de Engenharia da USP de São Carlos e enfatiza que a nova unidade foi também projetada para manter padrões racionais de consumo de água e de eletricidade. As iniciativas incluem reciclagem de lixo (Programa USP Recicla) e o conjunto de reservatórios construídos nos telhados para acumular a água da chuva, a qual é reaproveitada para utilização na limpeza, irrigação de gramados e canteiros, além de constituir reserva obrigatória contra incêndios.

Do total de 1.020 aprovados no primeiro vestibular, 47% cursaram o ensino médio em escolas da rede pública; 42% são moradores da zona leste, 21% se declararam negros (o dobro do porcentual de toda a USP); e 39% têm renda familiar inferior a R$ 1,5 mil.

A direção da universidade avalia que a proposta de integração com a zona leste tem sido bem-sucedida. Acredita que, no final de cada ano, o processo ganhará ainda mais força, com o progressivo aumento da oferta de vagas gratuitas para o ensino superior na região. Segundo Pimenta, os números do primeiro vestibular contribuem para derrubar antigos mitos, como o de que a USP seria uma universidade inacessível a estudantes carentes e afrodescendentes.

Formando cidadãos

O docente Waldir Mantovani é um dos que se transferiu voluntariamente para a USP Leste. Professor do Departamento de Ecologia e coordenador do curso de gestão ambiental, afirma que se mudou atraído pela oportunidade de criar e pôr em prática nova proposta pedagógica. O intuito é promover o resgate de valores humanistas estabelecidos pela então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, nos primeiros anos da USP, na década de 1930, que eram comuns a todos os cursos. De acordo com Mantovani, esses valores se perderam ao longo do tempo, com a especialização das carreiras acadêmicas.

O objetivo principal dos novos cursos é formar cidadãos, independentemente da graduação que cursaram. A base ampla de conhecimentos transmitidos pretende também reforçar a formação de pesquisadores capazes de propor soluções que atendam a todos os níveis da população, de todas as classes sociais.

O assistente-técnico de infraestrutura Marcos André de Almeida Santos é um dos funcionários mais entusiasmados com o novo campus. Morador de Itaquera, reduziu de duas horas para 20 minutos o tempo gasto no deslocamento entre sua residência e a universidade. Na opinião dele, um dos diferenciais da nova unidade é poder contar com equipe experiente, motivada e disposta a escrever uma nova página na história da principal universidade do País. “Está sendo um grande desafio receber os alunos com o campus ainda em obras e oferecer o mesmo padrão de qualidade de ensino das demais unidades da USP”, explica.

O técnico de laboratório Luiz Cláudio Silva vislumbrou na USP Leste nova oportunidade para sua carreira. Há 24 anos, integra o quadro funcional da instituição e se transferiu voluntariamente do Departamento de Ciências Farmacêuticas da Cidade Universitária para a nova unidade.


Instalações modernas e adaptadas

A USP Leste dispõe de modernas instalações, especialmente adaptadas às necessidades dos portadores de necessidades especiais. Para isso, o projeto arquitetônico privilegiou o uso de elevadores e rampas nos acessos às salas e auditórios. Há poucas escadas e o piso tátil garante deslocamentos sem riscos para o deficiente visual que, ao bater sua bengala no dispositivo, é “informado” da existência da escada.

Encerrada a primeira fase do projeto, a comunidade acadêmica (estudantes, funcionários e docentes) já dispõe de serviços de vigilância permanente, refeitório, anfiteatros, coleta seletiva de lixo, biblioteca, laboratórios, frota de veículos, ambulância e ônibus circular gratuito, em intervalos de 15 minutos, entre a estação Engenheiro Goulart da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e o campus.

O ônibus circular deve funcionar até junho de 2006, quando será inaugurada a estação USP Leste da CPTM, que integra a Linha F (Brás – Calmon Viana). Uma passarela ligará o campus à estação, na Avenida Dr. Assis Ribeiro. O local será monitorado por uma base fixa da Polícia Militar.


Namoro versus estudo no campus

O casal de namorados Rafael Santana e Tayne Lavinas se conheceu nos primeiros dias de aula. Ela é aluna do curso de Lazer e Turismo e reside com os pais em Guarulhos, município da Grande São Paulo vizinho ao campus. O rapaz é calouro de Sistemas de Informação. Veio de São Sebastião, no litoral paulista, e montou república com dois colegas, próxima à USP Leste.

Satisfeitos e cheios de planos para o futuro, os dois contam que a aprovação na Fuvest foi uma grande felicidade, ampliada pelo fato de saber que serão da primeira turma de formandos da USP a atuar em novas áreas profissionais. Comemoram as instalações adequadas, confortáveis e de recursos de multimídia, como o projetor (datashow) disponível em todas as salas de aula e laboratórios.

“Estudo no primeiro e único curso de Lazer e Turismo do País. É uma formação mais abrangente do que Turismo e habilita o profissional para trabalhar em agência, hotel, feiras e gastronomia. Também o prepara para organizar atividades de recreação na área cultural e de lazer de um município. Consegue, desta maneira, abranger o visitante e o morador da cidade”, explica a estudante de 17 anos.

A disciplina Resolução de Problemas está empolgando a universitária. Seu grupo de estudo tem participado de encontros com a comunidade carente do Jardim Keralux, próximo à USP Leste. Nas reuniões, surgem propostas para aprimorar e estender o Programa Escola da Família para todas as escolas da rede pública da região e também propostas para pôr em funcionamento projetos de educação e de infraestrutura para o lazer dos moradores do bairro: quadras esportivas, bares e lanchonetes.

Rafael é aficionado por computadores e estagiário num dos laboratórios de informática da nova unidade. Nos fins de semana, divide o tempo entre o curso de inglês no campus e os passeios com a namorada.

“A qualidade do serviço tem sido excelente. Na época do cursinho, havia muita especulação e comentários de que o ensino seria inferior ao promovido nas outras unidades da USP. A maioria dos professores se transferiu para o campus já com objetivos definidos, como realizar uma pesquisa específica ou desenvolver trabalhos de extensão universitária com a comunidade”, afirma o universitário.

O estudante é testemunha também das mudanças ocorridas no bairro de Ermelino Matarazzo. Lembra que no início do ano letivo o comércio local não dispunha de variedades e havia poucas ofertas de imóveis para alugar, caixas eletrônicos, supermercados, videolocadoras, lan houses e postos de gasolina.

“Meu expediente no laboratório de informática termina às 23 horas. Na semana em que fiz minha mudança para São Paulo, todas as pizzarias estavam fechadas neste horário. Hoje, há diversos serviços de entrega com horários mais dilatados”, comemora.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente nas páginas II e III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 21/06/2005. (PDF)

Gestão corporativa da CPTM reduz custos e aprimora serviços aos usuários

Em operação há dois anos, programa estabeleceu a revisão de processos internos e definiu metas de produtividade a serem atingidas pelos 5,6 mil funcionários da companhia

Com o objetivo de aprimorar a qualidade do serviço prestado ao usuário, a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) criou, em 2003, o Programa Interno de Gestão Corporativa para a Prestação do Serviço do Trem Metropolitano. A iniciativa, que entrou em operação no fim daquele ano, estabeleceu a revisão de processos internos e definiu metas de produtividade a serem atingidas pelos 5,6 mil funcionários da companhia.

Como resultado, a empresa reduziu custos e pôde direcionar os investimentos para as áreas mais importantes. Houve aumento de 3,5% no número de embarques nos cinco primeiros meses de 2005, em comparação com o mesmo período de 2004. No ano passado, a CPTM bateu seu recorde e recebeu 368,8 milhões de passageiros, volume 4,2% superior aos 353,8 milhões registrados em 2003.

Para o passageiro, o sistema possibilitou transporte metropolitano mais rápido, seguro e confortável. O programa definiu nove atributos básicos de serviço, que foram analisados pelos usuários: regularidade, confiabilidade, atendimento, segurança pública operacional, segurança operacional, rapidez, conforto, utilidade e preço. Os cinco primeiros são considerados prioritários. Para saber a opinião do passageiro, a empresa realiza pesquisas qualitativas periódicas por amostragem.

Nível de excelência

A gestão corporativa é um modelo conceitual de organização que visa à satisfação dos usuários e do corpo de funcionários. Pressupõe, como fator chave para seu sucesso, o comprometimento coletivo de todos os setores, e investe continuamente na revisão e no aprimoramento de todas as etapas do trabalho na empresa. É um processo competitivo, que estimula os funcionários, unidos, a atingirem metas preestabelecidas.

De acordo com o gerente de gestão da qualidade da empresa, Atilio Nerilo, o programa é uma inovação no setor público e possibilitou mudanças significativas na cultura e nos valores da organização. Conseguiu alinhar e integrar todas as gerências da CPTM. Para avaliar sua eficácia, foram criados indicadores da qualidade do serviço, que monitoram toda a empresa. Eles permitiram identificar pontos críticos para a execução das tarefas e colocar em evidência fatores que levam a interrupções. No processo de gestão, foi analisado e revisto o papel de cada profissional da organização. Houve cursos para capacitar e motivar os empregados.

“O processo é centralizado no funcionário, que deve estar mobilizado para desempenhar bem sua função. Por conhecer o trabalho profundamente, torna-se capaz de informar as ocorrências mais comuns e de maior incidência. Também propõe medidas preventivas, para serem repassadas para outros setores da empresa. Desse modo, percebe-se como engrenagem fundamental no processo”, ensina Nerilo.

O gerente de qualidade afirma que a criação do programa foi bem-sucedida e, atualmente, está em fase da manutenção. O processo é mantido por meio de encontros periódicos com gerentes e líderes. O foco das reuniões foi deslocado para os setores mais necessitados, para “aprender” com os que tiveram melhores resultados. “A produção e a difusão dos conhecimentos são fundamentais para o programa de gestão. O desafio, agora, é manter o nível de excelência alcançado”, analisa Nerilo.

Redução de atrasos

Nos dias úteis, a empresa transporta 1,3 milhão de passageiros e realiza 1,6 mil viagens em seis linhas, que passam por 22 municípios da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP). O Estado investiu recursos na CPTM, entre 1995 e 2005, de US$ 1,5 bilhão. Neste ano, a previsão é de R$ 238 milhões.

No primeiro trimestre do ano, a companhia conseguiu diminuir os atrasos entre os intervalos de embarque da frota, que totaliza 349 trens. Em 91% das saídas, o espaço previsto de sete minutos entre as composições foi mantido. Além disso, a retirada de circulação de trem por problemas técnicos reduziu, em comparação com o primeiro trimestre de 2004. Antes, havia uma interrupção a cada 3 mil quilômetros rodados, agora, a média é de uma paralisação a cada 3,5 mil quilômetros rodados.

Mapeamento de falhas

O gerente de manutenção do material rodante, Eurico Baptista Ribeiro Filho, recorda uma solução interna encontrada para problema simples, mas de grande repercussão na empresa. Por uma falha de projeto, os trens da série 1700, que trafegam na Linha A (Francisco Morato – Jundiaí), apresentavam constantemente defeito no trinco da fechadura da cabine, que não travava direito. Isso obrigava o maquinista a solicitar a retirada da composição de circulação para as ações de reparo.

No primeiro trimestre de 2004, a CPTM registrou 17 ocorrências desse tipo por mês. A simples substituição do dispositivo, que custa R$ 500, solucionava o problema, mas a retirada do carro dos trilhos prejudicava o passageiro e causava danos à imagem da empresa. No mapeamento de falhas organizado pelo programa de gestão, a substituição da fechadura se destacava. Propôs-se então alteração na especificação do dispositivo, que foi redesenhado, e um novo lote encomendado ao fabricante. A etapa final foi a substituição do conjunto do trinco da cabine de todas as máquinas da série 1700. Em 2005, a média mensal de retirada de trens caiu para três.

“O programa de gestão evidenciou a percepção sobre as causas das falhas. Agora, a CPTM consegue preveni-las e também economizar recursos de estoque”, aponta Ribeiro Filho. Outro exemplo de sucesso, também na Linha A, foi a substituição dos faróis das composições das séries 1400 e 1600, que queimavam em média três vezes por mês. Sem iluminação, o maquinista não consegue enxergar possíveis riscos: pedras obstruindo os trilhos ou mesmo pedestres que estejam caminhando em locais proibidos. A equipe de manutenção da CPTM fez um estudo e concluiu ser necessário modificar o circuito de alimentação do farol.

O gerente de tecnologia da informação (TI) da CPTM, Osvaldo Antonio Pazianotto, afirma que muitos processos postos em prática pelo sistema de gestão tinham a TI como ferramenta auxiliar decisiva para serem colocados em funcionamento. “A informática está presente em todas as áreas da empresa, e o aperfeiçoamento está sendo obtido com a padronização de boas práticas”, explica.


Olhar eletrônico amplia a segurança

Uma das novidades do programa foi a instalação de 800 câmeras, entre fixas e giratórias, em pontos estratégicos das 83 estações. A móvel monitora campo visual de maior alcance. É controlada por joystick e faz rotação de até 360 graus. As imagens geradas são enviadas para a central de monitoramento da CPTM, que funciona 24 horas por dia. Em 2004, o recurso tecnológico permitiu a detenção de 30 assaltantes e auxiliou no esclarecimento de suicídio, homicídio e clonagem de bilhetes.

Para o gerente de segurança, Leopoldo Augusto Corrêa Filho, a principal conquista foi o aumento da sensação de segurança para o usuário. “Embora seja impossível para os 1,3 mil agentes de segurança monitorar os 270 quilômetros de linha férrea, há progressiva queda da impunidade e dos delitos de vandalismo, tráfico de drogas, furto de fios e de equipamentos”, explica.

Em sua opinião, trabalhar com metas na área de segurança foi uma grande inovação. “Ao coibir pequenos delitos, a CPTM consegue economizar recursos. Assim, reforçou a vigilância sobre ambulantes, vândalos, pregadores de cartazes e indivíduos que impedem o fechamento das portas e causam atrasos nos embarques”, afirma. Um dos desafios, segundo o profissional, é cuidar do entorno das estações, muitas vezes localizadas em áreas carentes.

“Em algumas situações, para chegar à plataforma de embarque, o passageiro passa antes pelo assédio dos camelôs, e até criminosos. A questão é social, mas compete à CPTM evitar furtos e depredação nos acessos, catracas, banheiros e também garantir o respeito às leis e impedir usuários de fumar no interior das composições”, diz Corrêa Filho.

Uma das saídas encontradas foi a realização de campanhas educativas destinadas aos usuários, tal qual a de prevenção ao vandalismo. O passageiro foi estimulado a comunicar situações ilícitas ao Disque Denúncia, serviço que funciona discando gratuitamente 181. “Em abril, tivemos três roubos seguidos na Linha C. Com a ajuda da população e das câmeras, conseguimos identificar e deter dois assaltantes. As imagens foram analisadas e descobrimos que sempre embarcavam na Estação Caieiras, para depois agir em outras linhas. Com a prisão, os crimes na linha cessaram”, conta.

Trabalho reforçado

O combate ao furto de fios e de componentes elétricos-eletrônicos também tem sido meta para o corpo de segurança da CPTM. Além do risco de morte e choques para quem mexe nos fios, o corte nas redes de fibras ópticas pode ocasionar tragédias. A fibra óptica não tem valor comercial, mas o corte do cabo interrompe as comunicações entre as estações e obriga os operadores a comandar as saídas e chegadas de trens de modo manual.

O gerente de segurança conta que a companhia conseguiu descobrir quem são os principais compradores de peças de cobre no Estado. Todos foram informados a respeito das características dos fios e equipamentos da CPTM. “O material é numerado e de fácil identificação. Agora, só compra material furtado quem for receptador”, previne.

No ano passado, as equipes de segurança fizeram 14,7 mil abordagens, que resultaram no encaminhamento de cem pessoas aos Distritos Policiais. Dessas, 90 portavam entorpecentes. Em 2005, nos cinco primeiros meses do ano, 36 foram para os DPs e 31 portavam drogas. “Houve um ciclo virtuoso na empresa: a criminalidade caiu, porém, a proposta da vigilância da CPTM é não esmorecer e reforçar ainda mais o trabalho”, finaliza.


Opinião de usuários e funcionários da Estação Brás

“O programa de gestão identificou e trouxe avanços em pontos críticos para a oficina, como o motor de tração, freio e rádio. O próximo passo é investir nos controles de propulsão dos trens”. Geronimo de Almeida Reis, 55 anos, supervisor de manutenção corretiva desde 1978 e responsável pelas áreas elétrica-eletrônica, pneumática e mecânica da CPTM.

“Viajo nos trens desde 1999 e há mais de dois anos não vejo pingentes em cima das composições. Além disso, diminuiu a lotação, até nos horários de pico, como às 7 horas”. Josefa Francisca Santos, 22 anos, mora no Itaim Paulista e desce no Brás.

“Moro em Ferraz de Vasconcelos e trabalho no Brás. Utilizo o transporte metropolitano e acho que as estações estão bem mais vigiadas e seguras”. Paulo Roberto Santos Souza, 25 anos, é passageiro da Linha F.

“A gravação das imagens inibiu vandalismos, ambulantes e pedintes. As câmeras ajudaram a empresa distribuir melhor os agentes pelas estações”. Ademar Batista de Moraes é encarregado de segurança e trabalha na CPTM há 22 anos.


Média diária de passageiros transportados pela CPTM em 2004

Linha média (em mil)
A 251,7
B 267,8
C 79,3
D 193,7
E 307,1
F 112,1
Total 1,3 milhão

(fonte: CPTM)


Evolução do total de passageiros nas seis linhas
(em milhões, no período de janeiro a maio de cada ano)

Linha 2005 2004 2003 2005/2003 (%) 2005/2004 (%)
A 33,6 31,1 29,9 7,8 12,2
B 32,2 32,7 30,6 -1,4 5,1
C 9,5 9,2 8,1 2,5 17,4
D 26,6 23,5 23,1 13,0 15,0
E 38,1 37,6 37,3 1,1 1,9
F 13,4 13,9 13,9 -3,3 -3,5
Total 153,6 148,3 143,2 3,5 7,2

(fonte: CPTM)

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente nas páginas II e III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 11/06/2005. (PDF)

Cepam estuda melhorias em 11 estações da CPTM

Modelo: a estação de Mogi das Cruzes, da CPTM, tem rampas para acesso por cadeira de roda

O acesso de passageiros a 11 estações de trens da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) capital será avaliado. O objetivo é oferecer mais comodidade e segurança a pessoas portadoras de deficiência física, idosos e obesos. O estudo é resultado de parceria entre a Fundação Prefeito Faria Lima (Cepam) e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) em agosto de 2004.

O projeto, que tem o apoio do Ministério Público, está sendo desenvolvido desde o ano passado pela Coordenadoria de Planejamento Urbano (CPU) da Cepam. É dirigido pelas arquitetas Adriana Prado e Juçara Rodrigues e segue os parâmetros da Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT) de acessibilidade a edificações, mobiliários, espaços e equipamentos urbanos.

De acordo com Adriana Prado, as propostas abrangem a redução do vão e do desnível entre a plataforma e os trens e a colocação de piso tátil no entorno das estações. A arquiteta explica que serão feitos também estudos para avaliar o trânsito dos passageiros nas proximidades das estações, mesmo em locais que não sejam de propriedade da CPTM. A análise considera a parte externa (ruas, calçadas, faróis, entre outros) e interna (rampas, elevadores, marcações, pisos), de modo a permitir o acesso de qualquer passageiro às composições de modo seguro.

Osasco, Comendador Sampaio, Domingos de Morais, Presidente Altino, Jaguaré, Carapicuíba, Cidade Universitária, Barueri, Pinheiros, Ceasa e Jurubatuba são as estações a serem analisadas.


Mogi das Cruzes: estação referência

A estação de Mogi das Cruzes, da linha E da CPTM, foi totalmente remodelada. Recebeu jardim entre as plataformas, novas luminárias, sanitários, bilheterias em alvenaria, pintura, comunicação visual, bloqueio eletrônico e dispositivos para facilitar o acesso do passageiro com deficiência, como rampas e banheiro exclusivo.

A reforma proporcionou trabalho a 30 reeducandos em liberdade assistida da Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap), em conjunto com os profissionais da CPTM. Os serviços de jardinagem e paisagismo foram realizados por bolsistas da Frente de Trabalho, programa que oferece emprego e capacitação para pessoas desempregadas.

Será inaugurado no local um posto do Acessa São Paulo, com oito computadores para navegação pela Internet, uso de correio eletrônico, pesquisas e elaboração de currículo. O serviço dispõe de equipe de monitores para esclarecer dúvidas dos usuários. A próxima estação a ser remodelada será a de São Miguel, na Linha F (Brás – Calmon Viana). Todo o trecho está sendo reformulado e receberá novas estações e trens recuperados. A meta é reduzir os intervalos de embarque na linha dos atuais nove minutos para sete.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 08/06/2005. (PDF)