Casa Civil oferece 5,2 mil vagas para curso de capacitação em informática

Treinamento, dirigido ao servidor estadual, é gratuito e a meta do programa é preparar 100 mil funcionários até o final de 2006

A Secretaria da Casa Civil manterá abertas até o dia 1º as inscrições para o servidor interessado em fazer o curso de capacitação gratuita em informática básica. Esta é a segunda turma de 3,8 mil funcionários matriculados do curso presencial de 40 horas, cuja formatura será neste mês. Os formandos foram qualificados para usar o programa operacional Windows, o processador de textos Word e a navegar pela internet.

A iniciativa, parceria entre a Casa Civil e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), visa a combater a exclusão digital no funcionalismo público. Estão sendo oferecidas 5,2 mil vagas para o treinamento, com duração de seis semanas. A meta do programa é preparar 100 mil funcionários até o final de 2006.

O curso tem um módulo de seis aulas e sessões de auto-estudo. O material didático inclui apostila e CD-ROM com dicas de informática de todos os níveis e aplicativos específicos. Nas aulas, as lições são acompanhadas por um monitor e o aluno é estimulado a utilizar os serviços do Governo Eletrônico do Estado e, também, a explorar outros sites.

“Quem decide é o aluno. Se quiser, aprende a fazer e remeter seu imposto de renda pela internet; se gosta de automóveis, faz cotações de preço em sites de carros e assim por diante”, explica Mário Porto, coordenador do projeto e assessor-técnico da Casa Civil.

As aulas serão ministradas na Rede do Saber, que funciona em salas informatizadas das escolas da rede pública. Desse modo, o servidor pode fazer o treinamento em local próximo de sua casa. No término, haverá avaliação. O aprovado no exame que compareceu no mínimo a cinco aulas receberá certificado conjunto expedido pela Casa Civil e IPT.

Faltas abonadas

No dia 10 de fevereiro, a administração estadual considerando a relevância social do programa transformou-o no Decreto nº 49.368, que o institui em conjunto com o Governo Eletrônico. Assim, com respaldo legal, o servidor pode frequentar o curso no horário do expediente, na segunda ou sexta-feira, sem sofrer desconto no salário.

A inclusão digital tem o apoio da Fundap, órgão responsável pela matrícula e acompanhamento do curso; da Rede do Saber da Secretaria da Educação, que cede infraestrutura física e de informática para as aulas; da Fundação Vanzolini, que produziu o material didático e da Imprensa Oficial do Estado, que imprimiu as apostilas.


Sem medo de aprender

Neuza dos Santos trabalha há 28 anos no Palácio dos Bandeirantes e participou do curso-piloto com 400 funcionários, no final do ano passado. A experiência mudou sua relação com o trabalho no serviço público. “Antes, eu só atendia telefone. Agora, sei até repassar processos por e-mail. Aos 47 anos de idade, Neuza ficou 25 anos sem estudar. Começou este ano a cursar faculdade de pedagogia, em Santo Amaro. “O conhecimento me ajudou a perder o medo”, observa.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página I do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 22/03/2005. (PDF)

Portadores de necessidades especiais ganham capacitação na Estação da Lapa

Cursos profissionalizantes e atividades culturais visam à inclusão dessas pessoas na sociedade e no mercado de trabalho

Um grupo de 17 alunos portadores de necessidades especiais recebeu certificados de conclusão do primeiro curso de panificação de 2005, realizado pelo Fundo Social de Solidariedade (Fussesp), na Estação Especial da Lapa.

A turma de formandos aprendeu a produzir bolos, salgados, pães e doces. Elizabeth Almeida, psicóloga e coordenadora, explica que o objetivo do treinamento é a inclusão dessas pessoas no mercado de trabalho e no convívio social: “A panificação é uma das opções. Além disso, os interessados praticam esportes e participam de diversas oficinas culturais”.

A Estação Especial da Lapa reserva 70% das vagas nas atividades para deficientes, e as 30% restantes à comunidade carente. As aulas são ministradas de segunda a sexta-feira, das 8 horas às 17h30. O entusiasmo dos participantes é grande. “Recebo muito apoio da professora e procuro fazer as lições da melhor maneira possível”, conta Adilson Santana, 52 anos, aluno de panificação e deficiente visual há oito anos.

Oficinas culturais

A Estação Especial da Lapa está localizada numa antiga estação de trem, na zona oeste da capital. Dispõe de instalações adaptadas para atender e capacitar portadores de necessidades especiais e cidadãos carentes. Segundo a diretora da Estação, Vera Lúcia Alves, o ambiente especializado permite trabalhar as diferenças de forma natural e aumentar o potencial de aprendizagem dos alunos.

As oficinas culturais abrangem teatro de animação, origami, capoeira, bricolagem, marcenaria e marchetaria, sensibilidade musical, horta e jardinagem, cerâmica, objetos em madeira, folclore e teatro, dança, encadernação e cartonagem, entre outras. Os cursos profissionalizantes são tapeçaria de móveis, informática, tricô a máquina, serviços administrativos, arte em couro, panificação, costura, telemarketing, elétrica, hidráulica e pintura.

Atletismo, basquete, caminhada, educação motora, futsal, ginástica rítmica, judô, natação, hidroterapia, ritmo e expressão e vôlei fazem parte das modalidades esportivas. Incluem-se, também, oficina de Língua de Sinais Brasileira (Libras) e equoterapia e acesso gratuito à internet. Os frequentadores da Estação Especial da Lapa podem fazer trabalhos e digitar currículos no Infocentro. Ao chegar, o usuário preenche termo de adesão e utiliza os computadores por 30 minutos.

Serviço

Estação Especial da Lapa – Rua Guaicurus,1.274 – Lapa – São Paulo (SP)
Tel. (11) 3873-6760, de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h30

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente na página II do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 17/03/2005. (PDF)

Nova e moderna tecnologia facilita identificação de criminosos

Informatização reduz de 2 horas para 20 minutos tempo de produção de um retrato falado; trabalho dos peritos assemelha-se em até 70% a feição do rosto do suspeito

A Divisão de Arte Forense da Secretaria da Segurança Pública (SSP) foi uma das mais beneficiadas com o investimento progressivo na informatização do setor, que incluiu compra de computadores, programas especializados e preparação e treinamento dos peritos. A tecnologia possibilita a diminuição do tempo médio de produção de um retrato falado de duas horas para 20 minutos.

O desenho é uma ferramenta auxiliar do trabalho policial. Somente é solicitado para elucidar crimes de autoria desconhecida. É diferente de uma perícia e tem por objetivo colaborar na identificação e captura de suspeitos. É muito utilizado em crimes de estupro, latrocínio, homicídio e permite aproximação de até 70% dos traços reais do rosto do procurado.

“A Secretaria da Segurança investiu no setor e as estatísticas têm sido satisfatórias”, diz o perito Sidnei Barbosa, coordenador da Divisão de Arte Forense. Ele lidera uma equipe de quatro profissionais que atendem a totalidade das delegacias do Estado. Explica que a infraestrutura é flexível – permite rápido deslocamento do grupo com notebooks e equipamentos numa viatura para qualquer região paulista. Os profissionais trabalham em plantão permanente e os turnos são de 12 horas ininterruptas. Dessa forma, há sempre alguém apto a realizar a tarefa.

“Depois da notificação de um crime de autoria desconhecida, o policial consulta na Intranet (rede interna da Secretaria) informações sobre possíveis suspeitos. A partir do relato descritivo das testemunhas, o esboço ou desenho ganha em relevância, pois pode determinar rumos para o avanço de uma investigação mais precisa. No mesmo dia em que um juiz foi assassinado em Presidente Prudente, viajamos da capital até o local da cena. Uma testemunha, distante 50 metros do fórum local, percebeu a abordagem e presenciou o ato. Com a descrição, fiz o trabalho e uma animação tridimensional do suspeito. Rapidamente a força policial estava mobilizada na captura do matador”, exemplifica.

Cinco mil fotos

O banco de dados da divisão tem 5 mil fotos de presos condenados e mais de 15 mil itens diferentes armazenados. São variações dos cinco traços básicos, combinações de tipos fisionômicos e sinais particulares: olhos, linha da testa e do nariz, boca, cabelo e o formato do rosto. “Quando encontro um tipo de cabelo não catalogado no banco, adiciono-o instantaneamente nos registros. O sistema permite incluir brincos, óculos e diferentes tipos e tonalidades da cor da pele”, informa.

“Se a vítima relata que o agressor tinha uma cicatriz na testa, com poucos cliques no mouse simulo a marca. Depois de finalizado o retrato frontal, se for necessário, remeto o arquivo para outro programa, o qual cria animação tridimensional com o rosto. A técnica de identificação se aproxima ainda mais da realidade e as chances de se prender um inocente para averiguações diminuem”, explica.

O uso das imagens é restrito aos computadores da Secretaria. Sidnei informa que são feitos, em média, seis retratos por dia, porém não são repassados à mídia. Somente há divulgação quando esgotadas as possibilidades de captura do criminoso e quando se pretende evitar sua fuga para outros países e Estados da Federação, mesmo que disfarçado. “No tempo do papel eram necessárias duas horas para se produzir semelhante trabalho. Hoje, no mesmo período, o rosto do acusado é divulgado na TV, internet e publicado em jornais.”

Um caso exemplar: Francisco de Assis Pereira, o Maníaco do Parque, que fez dezenas de vítimas em São Paulo. Uma das vítimas, porém, sobreviveu e, mesmo com dificuldades, conseguiu detalhar a feição do agressor. O retrato falado foi divulgado nacionalmente. Ao se defrontar com seu rosto nos telejornais, o serial killer se desesperou e, intencionalmente, cortou sua sobrancelha, para despistar os investigadores e a população que colaborava e ansiava por sua captura. “O trabalho foi eficiente. Permitiu a um pescador do Rio Grande do Sul notar a presença do psicopata e denunciá-lo à polícia”, lembra Sidnei.

Confiança da vítima

Antes de começar a esboçar a imagem, o perito precisa conquistar a confiança da vítima, muitas vezes abalada por traumas – estupro, roubo ou sequestro. O trabalho não é feito no distrito policial, mas em local apropriado, a Divisão de Arte Forense, especialmente projetada para este serviço. A proposta é oferecer tratamento diferenciado ao das delegacias de polícia.

“O simples ato de denunciar um estupro já é humilhante para a vítima. Imagine se o delegado perguntar às pessoas no distrito quem é que foi estuprada? Muitas vezes, a vítima conhece seu agressor, mas não revela seu nome na delegacia. Quando chega no setor de Artes Forense recebe atenção integral e acrescenta as informações indispensáveis que faltavam no depoimento. Depois, se necessário, é encaminhada para atendimento psicológico”, informa.

O profissional conta que, em muitas ocasiões, o acusado de estupro é o próprio companheiro, marido ou ex-namorado. Nestes casos, é feita acareação entre as duas partes, para que os depoimentos sejam esclarecidos.

Mary Gottschall é papiloscopista e perita em retratos falados. “Quando uma criança é violentada, obter a descrição de seu algoz é ainda mais difícil. É preciso criar um clima amistoso e aconchegante para o menino ou a menina, que chega com náuseas e hemorragias em razão do trauma e da imensa quantidade de comprimidos que tomou por precaução: contraceptivos de emergência, tranquilizantes e coquetel antiviral contra Aids”, explica.

Colaboração da população

A perita relata que uma das estratégias para conseguir a informação é propor à vítima que faça uma ilustração sobre o assunto. Quase sempre, o desenho apresenta o agressor como um homem alto, forte e malvado. Mostra, também, uma criança, em tamanho menor e que a vítima diz ser sua amiga, porém, na verdade, é ela mesma, muito abalada com a situação. Os peritos explicam ser mais fácil para a polícia deter autores de crimes sexuais do que ladrões e assaltantes.

“O estupro revolta muito mais a opinião pública e há mais colaboração da população, fator fundamental para a captura. No interior, mostrei o retrato falado de um tarado para frentistas de um posto de gasolina. Depois, perguntei se eram casados e tinham filhas menores de idade, porque havia um maníaco solto, que atacava crianças. Dois dias depois, ao abastecer o carro o suspeito foi detido”, lembra.


“É preciso sentir e imaginar”

Sidnei Barbosa ingressou há 15 anos na Secretaria da Segurança. Conta que, no início, o trabalho do desenhista era feito à mão, no papel com grafite e esfuminho. “Os primeiros programas de computador trabalhavam somente com recortes de fotografia. Facilitaram a composição dos retratos, evitando as inúmeras correções em olhos e boca”, explica.

Sidnei fez cursos na Escola Panamericana, na Faculdade Belas Artes e cursos especializados, porém, o seu dom é nato. “Sou apaixonado por desenho, em especial o hiper-realista, modalidade em que o artista transmite para o papel aquilo que vê e imagina. No retrato falado, é diferente. É preciso sentir e imaginar; de qualquer maneira, o sentimento carrega traumas, como a cena violenta descrita pela vítima. É preciso filtrar elementos e reproduzir somente o que for relevante. Este é um dos segredos da profissão”, confidencia.

“A maior satisfação desta equipe é quando a vítima chega com a foto do seu agressor, já encarcerado, para que seja arquivada com o retrato. Esse material fica numa pasta especial, só aberta nestas ocasiões. Aí temos a sensação do dever cumprido com a sociedade”.


Pioneira em estudos de progressão da idade

A Divisão de Arte Forense da Secretaria da Segurança Pública é pioneira no País em fazer estudos de progressão da idade. O trabalho foi iniciado há dez anos e consiste em simular de modo aproximado que rosto uma pessoa terá, daqui a dez, 20 ou 30 anos. A técnica estuda o efeito da lei da gravidade sobre o corpo humano e simula a queda da pálpebra, nariz e do lóbulo inferior da orelha.

A progressão da idade ajuda no trabalho de localização e resgate de crianças desaparecidas. Adapta-se, igualmente, às tragédias, guerras, soterramentos e catástrofes naturais, que podem provocar grande dispersão populacional. A iniciativa tem o apoio da Missing Kids, organização não-governamental de atuação internacional filiada à ONU, que auxilia a localizar crianças desaparecidas e a combater o tráfico de pessoas e a prostituição infantil.

A ONG é financiada pelo FBI americano, recebe US$ 15 milhões anuais e as duas entidades trabalham em parceria na construção de um banco de dados com o DNA da população mundial até 2040. A ideia básica é garantir que todos os recém-nascidos façam o Teste do pezinho. A partir desse exame serão guardadas no sistema características exclusivas de cada pessoa e, assim, identificar com 100% de precisão os traços fisionômicos do cadastrado.

O setor de Arte Forense foi certificado pela Missing Kids como órgão oficial capacitado a fazer o trabalho de progressão de idade. A certificação reconhece a divisão como órgão afiliado no Brasil.


Programas de computador

Na lista de programas de computador utilizados pela equipe, Sidnei Barbosa destaca o Comphotofit. Trata-se de um software desenvolvido para o FBI, órgão de segurança norte-americano, cuja base de rostos foi adaptada aos traços da população brasileira. Além dessa ferramenta, usa-se também o Adobe Photoshop, para editar e retocar imagens, e 3dMeNow, programa que gera animações tridimensionais.

Rogério Mascia Silveira
Da Agência Imprensa Oficial

Reportagem publicada originalmente nas páginas II e III do Poder Executivo I e II do Diário Oficial do Estado de SP do dia 16/03/2005. (PDF)